sábado, 27 de outubro de 2018

Vós sois a Virgem florida


Vós sois a Virgem florida
O louvor em epígrafe se reporta ao estupendo milagre operado por Deus, no Antigo Testamento, quando fez florescer a vara de Aarão. Quis o Senhor, por meio desse admirável sucesso, declarar que o ofício divino ficaria vinculado à família do irmão de Moisés.
Com efeito, Aarão exercia o encargo de Sumo Sacerdote, auxiliado pelos filhos de Levi. Ambiciosos de tais honras, os outros judeus se puseram a murmurar.
Disse então o Senhor a Moisés (Num. XVII, 1-9): “Fala aos filhos de Israel, e recebe deles uma vara por cada tribo, doze varas de todos os príncipes das tribos, e escreverás o nome de cada um deles sobre a respectiva vara. Mas o nome de Aarão estará sobre a vara da tribo de Levi, e o nome do chefe de todas as outras tribos estará escrito separadamente cada um na sua vara. E pô-las-ás no Tabernáculo da Aliança, diante do Testemunho, onde Eu te falarei. A vara daquele que Eu escolher dentre eles, florescerá; e (deste modo) farei cessar os queixumes dos filhos de Israel, com que murmuram contra vós. E Moisés falou aos filhos de Israel; e todos os príncipes lhe deram as varas, uma por cada tribo; e acharam-se doze varas, fora a vara de Aarão. E Moisés, tendo-as posto diante do Senhor no Tabernáculo do Testemunho, voltando no dia seguinte, achou (que era) pela tribo de Levi, e que, aparecendo os botões, tinham saído flores, as quais, estendidas as suas folhas, se transformaram em amêndoas. Moisés, pois, levou todas as varas de diante do Senhor a todos os filhos de Israel, os quais as viram e receberam cada um a sua vara.”
Vara da qual nasceu Jesus Cristo, flor de salvação e fruto de vida
Segundo o Pe. Jourdain, “a vara de Aarão coberta de folhas, de flores e de frutos, foi também figura de Maria. [...]
“Essa vara que floresceu por um prodígio e deu seu fruto sem ter sido plantada, e sem ter raízes nem seiva fecundante, simboliza admiravelmente Maria, que, colocada no Tabernáculo, e sendo Ela mesma o templo vivo do Espírito Santo, concebeu sem intervenção humana, e sem nenhum socorro terrestre deu à luz esse bendito fruto que proporciona a todos os homens, e neles conserva, a vida sobrenatural da alma”.
Considerando o milagre da vara coberta de flores, escreve Henry Le Mulier, baseado nos testemunhos dos Santos Padres:
“Quem não reconhecerá, sob este emblema, a Virgem saída da raiz de Jessé, a verdadeira Mãe de Deus? A vara de Aarão deu flores e frutos: assim Maria trouxe à luz Nosso Senhor Jesus Cristo, vera flor de salvação, único fruto de vida.
“Esta vara não foi irrigada, não pôde haurir na terra os sucos que servem habitualmente à nutrição das plantas; e entretanto ela se encheu de seiva e se cobriu de botões: assim a Virgem concebeu sem qualquer socorro natural, sem nada que tocasse à corrupção do mundo.
“A vara de Aarão é toda branca, sem córtice e sem nó, para melhor representar a candura e a pureza de Maria, em quem não se encontrou o nó do pecado original, nem o córtice do pecado atual.
“Aquela vara se ergue direita, sem germes nem rebentos, portando em sua extremidade, flores e frutos; assim a Virgem de Jessé, embora saída da tortuosa raiz dos patriarcas e dos profetas, eleva-se aprumada como o junco dos marnéis, trazendo em seu cimo a flor dos Cânticos.
Vara que deu testemunho em favor do Divino Sacerdote
“A vara do irmão de Moisés era um ramo de amendoeira, como o fizeram conhecer a flor e o fruto, para significar que, assim como a amendoeira anuncia a vinda do sol e testemunha sua presença, dado ser ela a primeira de todas que se cobre de flores na primavera e a última que perde sua folhagem, assim a vinda de Maria foi o anúncio do advento de seu Filho, e a presença d’Ela é um seguro penhor da presença do Filho.
“A vara de Aarão se tornou miraculosamente fértil para dar testemunho em favor do Sumo Sacerdote figurativo. O próprio Espírito de Deus desceu sobre Maria e A tornou fecunda, para a consagração do Sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedec”.
Vara sublime que se eleva até o trono de Deus
Inspirado por seu ardoroso amor à Virgem florida, exclama São Bernardo:
“Que significava aquela vara de Aarão, que floresceu estando seca, senão a Maria concebendo, porém sem concurso de varão? [...] Não danificou ao verdor da vara a saída da flor, nem ao pudor da Virgem, o parto sagrado. [...]
“A Virgem Mãe de Deus é esta vara, e seu Filho, a flor. Flor sem dúvida é o Filho da Virgem, flor cândida e rubra, eleita entre mil, flor em que os Anjos desejam mirar-se, flor cuja fragrância ressuscita os mortos, e, como ele mesmo atesta, flor é do campo e não do horto. Floresce naquele, sem diligência alguma do homem. Por ninguém é semeada, nem tratada com adubos. Assim inteiramente floresceu o seio da Virgem. Assim as entranhas intactas, íntegras e castas de Maria, como prado de eterno verdor, produziram a flor, cuja formosura não experimentará a corrupção, e cuja glória é para sempre imarcescível.
“Ó Virgem, vara sublime, a que altura elevas tua sagrada copa! Até Àquele que está sentado no trono, até ao Senhor da Majestade!”

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Sarça ardente da visão


Sarça ardente da visão
Este símbolo de Maria Santíssima nos é apresentado na seguinte passagem da Escritura (Ex. III, 1-8):
“Ora, Moisés apascentava as ovelhas de Jetro, seu sogro, sacerdote de Madian; e, tendo conduzido o rebanho para o interior do deserto, chegou ao monte de Deus, o Horeb. E o Senhor apareceu-lhe numa chama de fogo (que saía) do meio de uma sarça, e (Moisés) via que a sarça ardia, sem se consumir. Disse, pois, Moisés: Irei, e verei esta grande visão, (verei) por que causa se não consome a sarça. Mas o Senhor vendo que ele se movia para ir ver, chamou-o do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés. E ele respondeu: Aqui estou. E (o Senhor) disse: Não te aproximes daqui; tira as sandálias de teus pés, porque o lugar em que estás é uma terra santa. E acrescentou: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, e o Deus de Jacob. Cobriu Moisés o rosto; porque não ousava olhar para Deus.
“E o Senhor disse-lhe: Eu vi a aflição do meu povo no Egito, e ouvi o seu clamor causado pela crueza daqueles que têm a superintendência das obras. E, conhecendo a sua dor, desci para o livrar das mãos dos egípcios, e para o conduzir daquela terra para uma terra boa e espaçosa, para uma terra onde corre o leite e o mel.”
Símbolo de Maria virgem durante o parto
A respeito da sarça ardente e incombustível, enquanto imagem de Nossa Senhora, comenta São Bernardo:
“Que prefigurava em outro tempo aquela sarça de Moisés, deitando chamas, mas não se extinguindo, senão a Maria dando à luz sem experimentar as dores do parto?” 
Semelhante é a consideração do Pe. João Colombo, que escreve:
“Quantos séculos haviam esperado a Maria, chamando-A com lágrimas e suspiros! [...] Esperara-A o século de Moisés, e não A viu senão simbolizada na sarça ardente e incombustível: assim como aquela sarça podia dar chama e não se comburir, assim também Maria poderia dar à luz o Filho de Deus sem cessar de ser Virgem”.
E São Tomás de Villanueva, com eloquente entusiasmo, exclama:
“Bem recordais, ó Virgem, aquela sarça que ardia e não se queimava. Assim formareis Vós, sem Vos corromper, um só corpo com o divino fogo; revesti-lo-eis Vós de carne, e Ele Vos banhará de esplendor; Vós O coroareis com o diadema da mortalidade, e Ele Vos cingirá a coroa da glória. Sereis uma virgem fecunda, uma mãe sem corrupção. Só em Vós se verão associadas a virgindade e a maternidade: possuireis, ao mesmo tempo, a felicidade desta e o pudor daquela”.
Labaredas de amor divino que purificam a Terra
“Maria Santíssima — escreve o douto Nicolas — é a sarça ardente na qual o Senhor apareceu a Moisés entre as chamas de um fogo que saía da mesma sarça, sem consumi-la. Sarça virginal que em nada se queima com o fogo de um parto divino, e de onde brotam essas labaredas de celeste amor que abrasaram e purificaram a Terra!” 22
Sarça ardente, na qual habitou o Senhor
Também sobre esse símbolo da Santíssima Virgem, encontramos no Pe. Rolland estas belas e fervorosas palavras:
“É na solidão do deserto que Moisés contempla a sarça ardente: é no deserto do mundo, tão árido para o bem, que Maria faz sua aparição. A sarça está toda penetrada de chamas acesas pelos Anjos, no meio das quais Deus se manifesta e fala a seu servidor: Deus é um fogo que consome, e Ele vem habitar em Maria, e dirige a seu coração as mais sublimes palavras. Diante do milagre da sarça que arde sem se queimar, Moisés é tomado de admiração: em face do prodígio de Maria que recebe em si o Verbo feito carne e que guarda o tesouro de sua virgindade, há incomparavelmente mais razão para se maravilhar. “Tudo é milagre em Maria, mas, sobretudo, no mistério da Encarnação, princípio da salvação do mundo, fonte fecunda de pureza e de virgindade. Assim, devemos oferecer a Deus o preito de nosso louvor por esse insigne ato de sua onipotência”.
Veneração e amor a Maria, “sarça ardente da visão”
“Ah! se Deus disse a Moisés, de dentro da ardente sarça: «Não te aproximes daqui; tira as sandálias de teus pés, porque o lugar em que estás é uma terra santa»; que obséquio, que reverência não devemos professar à Mulher vestida do sol de justiça e de santidade, de que era só uma figura a sarça incandescente?
“Mas, à sua imensa grandeza, une Maria uma profunda benignidade. E quem poderá dizer, quantos encontraram em sua clemente bondade o perdão, o refúgio, a proteção e a salvação da alma, de sorte que se viram obrigados a bendizê-La como Rainha de misericórdia?
“Assim, pois, veneremos a Maria como súditos à Soberana; mas, ao mesmo tempo, amemo-La como filhos à Mãe. Não nos afastemos de sua presença sem Lhe recomendar nossa vida, nossa morte, nossa eterna salvação. E Ela, cheia de bondade, escutará nossas súplicas; cheia de poder, atenderá nossas orações, e sem dúvida experimentaremos os salutares efeitos de sua proteção”.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Belo íris celeste II

Arco-íris sobre a Igreja de Deus
Atribuindo-se a si própria a imagem do arco-íris, Nossa Senhora dirigiu a Santa Brígida (1303-1373) palavras repassadas de materna e vigilante solicitude para com a Esposa Mística de Cristo. Pronunciadas naqueles idos do século XIV muito se aplicam elas aos conturbados dias em que vivemos.
Assim se expressa a Santíssima Virgem:
“Eu me estendo sobre o mundo em contínua oração, assim como sobre as nuvens está o arco-íris, que parece voltar-se para a terra e tocá-la com suas extremidades.
“Este arco-íris, sou Eu mesma que, por minhas preces, abaixo-me e me debruço sobre os bons e os maus habitantes da Terra. Inclino-me sobre os bons para ajudá-los a permanecerem fiéis e devotos na observância dos preceitos da Igreja; e sobre os maus, para impedi-los de irem adiante na sua malícia e se tornarem piores.
“Mas eu vos faço saber que, de uma parte da Terra, elevar-se-ão horríveis nuvens para obscurecer o brilho do arco radioso. Por essas nuvens entendo aqueles que levam uma vida incontinente, que são insaciáveis de dinheiro como os sorvedouros e abismos do mar; ou que pelo orgulho prodigalizam insensatamente a fortuna, como uma torrente impetuosa verte suas águas. Vários, já agora, entre os ecônomos da Igreja, abandonam-se a esses três excessos, e seus horríveis pecados sobem até o Céu, na presença da Divindade, para estorvar minha oração, como as nuvens o fazem contra o brilho do arco-íris. Ademais, os que deveriam se unir a Mim para serenar a cólera de Deus, antes a provocam e a chamam sobre si. Tais ministros, não deveriam ser exaltados na Igreja.
“Portanto, todo aquele que deseja trabalhar para que permaneça inabalável o fundamento da Igreja, e se renove essa bendita vinha que o Senhor plantou com seu sangue, que esse se anime, e caso se julgue insuficiente para essa tarefa, Eu, Rainha do Céu, virei a ele com todos os Anjos para ajudá-lo, extirpando as ervas daninhas, arrancando as árvores estéreis elançando-as no fogo, substituindo-as por plantas viçosas e frutíferas. “Por esta vinha entendo a Igreja de Deus, na qual cumpre renovar a humildade e o amor divino.”

BRÍGIDA. Celestiales Revelaciones. Madrid: Apostolado de La Prensa, 1901. p. 143-144.

sexta-feira, 3 de março de 2017

Belo íris celeste

Belo íris celeste
A Terra retornara à sua normalidade, depois da grande e terrível inundação do dilúvio. Noé, juntamente com seus filhos e todos os animais salvos do castigo, haviam desembarcado. Iria recomeçar a história do mundo.
Após abençoar ao seu fiel servo, Deus disse a Noé (Gen. IX, 9-17):
“Eis que vou fazer minha aliança convosco e com a vossa posteridade depois de vós, e com todos os animais viventes, que estão convosco, tanto aves, como animais domésticos e animais selváticos, que saíram da Arca, e com todas as bestas da Terra. Farei a minha aliança convosco, e não tornará mais a perecer toda a carne pelas águas do dilúvio, nem haverá mais para o futuro, dilúvio que assole a Terra.
“E Deus disse: Eis o sinal da aliança, que faço entre Mim e vós, e com todos os animais viventes, que estão convosco, por todas as gerações futuras: Porei o meu arco nas nuvens, e ele será o sinal da aliança entre Mim e a Terra.
“E, quando Eu tiver coberto o céu de nuvens, o meu arco aparecerá nas nuvens, e me lembrarei da minha aliança convosco e com toda a alma vivente que anima a carne; e não voltarão as águas do dilúvio a exterminar toda a carne (que vive). E o arco estará nas nuvens, e Eu o verei, e me lembrarei da aliança eterna que foi feita entre Deus e todas as almas viventes de toda a carne que existe sobre a Terra.
“E Deus disse a Noé: Este será o sinal da aliança que eu constituí entre Mim e toda a carne (que vive) sobre a Terra.”
A Imaculada Conceição: princípio da era de paz entre Deus e os homens
Se, pois, um lindo e diáfano arco-íris nos evoca o solene pacto estabelecido entre Deus e os homens viventes, deve aquele nos recordar, também, a Santíssima Virgem, de quem é harmoniosa figura.
Com efeito, o íris de bonança “encerra um simbolismo de reconciliação entre Deus e os homens, e de paz, quer historicamente (Gênesis), quer literariamente. Os dois caracteres que nele se encontram — beleza e pacificação — vemo-los realizados em Maria, na sua imaculada beleza que é considerada, desde o primeiro instante, obra-prima de Deus.
“O fato de uma filha de Adão ser concebida sem culpa original, é o exórdio da nova era de paz e de reconciliação que Cristo trouxe à Terra”.
Arco-íris que une a Igreja triunfante à Igreja militante
Ilustrando seu discurso sobre o Santo Nome de Maria, comenta São Bernardino de Siena:
“As estrelas do firmamento servem para manter a ordem e a estabilidade no mundo inferior: elas são como as medianeiras entre o Céu e a Terra. Tal é, precisamente, a função da Bem-aventurada Virgem, Senhora e Rainha deste mundo. Ela une e concilia a Igreja Triunfante à Igreja Militante. Seu nascimento anuncia que, doravante, existirá a paz entre o Céu e a Terra.
“Ela é o arco-íris dado pelo Senhor a Noé em sinal de aliança, e como penhor de que o gênero humano não será mais destruído. E por quê? Porque é Ela que trouxe à luz Aquele que é nossa paz, Aquele que de duas naturezas fez uma só pessoa, Aquele que reúne em si mesmo Deus e o homem, para confirmar a paz” 
Arco-íris da esperança, em meio às provações deste vale de lágrimas
Elevada e piedosa relação entre a figura do arco-íris e a Santíssima Virgem, estabelece o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira: “Neste vale de lágrimas em que somos peregrinos, tentações, sofrimentos e perplexidades são inerentes a toda a vida espiritual. Contudo, em meio às nossas dores e aflições morais, sempre vislumbramos a esperançosa figura de um arco-íris: Maria Santíssima!
“Ela nos acompanha em nossa peregrinação rumo à Pátria Celestial, ajudando-nos em todas as vicissitudes, envolvendo-nos com seu maternal, constante e infatigável amor, o qual nenhuma infidelidade pode esmorecer, e que reiterados atos de bondade, deste emanados, não o lograrão extinguir” .
Arco-íris que aplaca a cólera divina
Semelhante pensamento desenvolve o Pe. Jourdain, em sua obra dedicada às grandezas de Maria: “O arco-íris alegra a Terra e lhe proporciona uma chuva abundante e benfazeja. Do mesmo modo, Maria consola os fracos, enchendo de júbilo os aflitos e inundando copiosamente os áridos corações dos pecadores, pela fecunda chuva da graça. [...]
“Deus contempla esse seu arco-íris — Maria Santíssima — estendendo sua proteção sobre a Terra. E apesar dos pecados dos homens, apesar das nuvens acumuladas pela sua justa cólera, Ele se lembra de sua misericórdia. É bem se referindo a Maria que Deus diz a Noé:
«Porei o meu arco nas nuvens e ele será o sinal da aliança entre Mim e a Terra»” 
Arco-íris formado com os sete dons do Espírito Santo
Com expressiva unção, o Pe. Thiébaud assim interpreta esse símbolo de Nossa Senhora:
“Quando, depois de uma tempestade, percebemos o arco-íris baixando das nuvens sobre a Terra, não podemos nos impedir de admirar esse belo manto, tecido com as sete cores primitivas, verdadeiro símbolo da misericórdia. Mas, o esplendor desse fenômeno logo se eclipsa em presença de Maria, na qual os sete dons do Espírito Santo refulgiram com tanta magnificência. Se, durante a tormenta do Calvário, Maria quis tomar o nome de Nossa Senhora das Sete Dores, foi também para que sua rica vestimenta, refletindo esperança, se tornasse para nós um verdadeiro arco-iris, nas tristes circunstâncias de nossa vida”.
Em Maria, Deus cumpre sua promessa de aliança com o mundo
Ainda sobre essa luminosa prefigura da Virgem, comenta outro ilustre mariólogo:
“O arco que Deus fez aparecer entre as nuvens, para tranquilizar a seu servidor Noé e aos descendentes deste; para ser um fúlgido testemunho de sua reconciliação com o mundo, do pacto que Ele contraiu com toda carne vivendo sobre esta Terra; esse arco-íris, que não cintila senão de um brilho emprestado aos raios do sol, não é ele também uma tocante imagem de Maria, Mãe de Jesus, pela qual Deus cumpriu sua promessa, uma vez que d’Ela saiu Aquele em quem são abençoadas todas as nações?” 

O arco-íris é, pois, gracioso símbolo de Nossa Senhora, “reconciliadora do Céu com a Terra. É Maria o instrumento da aliança entre Deus e os homens. Quando nossas iniquidades irritam ao Senhor e pedem vingança, a Santa Virgem intervém, e tão eficazmente, que Deus se deixa flectir e perdoa: Refugium peccatorum, ora pro nobis — Refúgio dos pecadores, rogai por nós!”