R. No seu tabernáculo A fez habitar
Maria no
eterno pensamento divino
Pode-se dizer que no
tabernáculo de Deus habitou Maria, em virtude da excelência de sua eterna
predestinação.
“A Santíssima Virgem, na qual tudo
é maravilha, antes de aparecer neste mundo, na realidade de sua vida terrena,
teve, por singular privilégio, uma existência antecipada. Deus concedeu-Lhe a
honra da pré-existência.
“Ora, a forma mais esplêndida
desta pré-existência é, certamente, aquela de que Maria gozou no seio de Deus,
antes de todos os tempos. Desde toda a eternidade, esteve Ela no pensamento de
Deus, vivia no coração de Deus, em razão de sua incomparável predestinação.
“Sem dúvida, todas as
criaturas, que foram e que serão, vivem desde toda a eternidade no pensamento
de Deus, como em seu arquétipo vivo e infinito, posto que em Deus não há nem
antes, nem depois. Porém, segundo nossa maneira de compreender, no pensamento
de Deus vive, de modo particular e especialíssimo, a Santíssima Virgem”84.
V Protegei Senhora, a minha oração.
R. E chegue até Vós o meu clamor
Maria tudo
obtém de Jesus Cristo, em nosso favor
“Tudo quanto a Virgem
Santíssima pede em favor dos seus servos, obtém, com certeza, de Deus”. Esta
sentença é de Santo Afonso de Ligório. “Meditai — prossegue ele, citando
Boaventura Baduário — na grande virtude que tiveram as palavras de Maria na
Visitação. Pois que à sua voz foi conferida a graça do Espírito Santo, assim a
Isabel como a João, seu filho, segundo notou o evangelista. [...]
“Vencido pelos rogos de Maria,
concede Cristo seus favores. Pois, no parecer de São Germano, Jesus não pode
deixar de ouvir Maria em tudo o que Lhe pede, querendo nisto quase obedecer-Lhe
como sua verdadeira Mãe. [...] Busquemos a graça, mas busquemo-la por meio de
Maria, repito com São Bernardo, em continuação às palavras da Virgem a Santa
Matilde: «O Espírito Santo encheu-me de toda a sua doçura e tomou-me tão cara a
Deus, que quantos por meu intermédio pedem graças a Ele, todos certamente as obtêm».
[...]
“Não nos apartemos jamais dos
pés desta tesoureira de graças, dizendo-Lhe sempre com São João Damasceno: «Ó
Mãe de Deus, abri-nos as portas da vossa misericórdia, rogai sempre por nós,
pois são vossas preces a salvação de todos os homens». Recorrendo a Maria, o
melhor será pedir-Lhe que rogue por nós e nos obtenha aquelas graças, que
reconhece mais convenientes à nossa salvação” 85
Onipotente
intercessão
Tanto mais devemos implorar
esse patrocínio de Nossa Senhora, quanto é ele onipotente. Assim o explica, em
conformidade com o ensinamento dos Santos e dos doutores eclesiásticos, o
ilustre teólogo dominicano, Fr. Garrigou-Lagrange:
“O senso cristão de todos os
fiéis estima que uma mãe beatificada conhece no Céu as necessidades espirituais
dos filhos que ela deixou sobre a Terra, e intercede pela salvação dos mesmos.
Universalmente na Igreja, os cristãos se recomendam às orações dos Santos
chegados ao termo da viagem. [...) 0 Concílio de Trento (sess. XXV) definiu que
os Santos no Céu rogam por nós e que é útil invocá-los. [...]
“Jesus Cristo vivendo sempre,
não cessa de interceder por nós”, diz São Paulo (Hebr. VII, 25). Ele é, sem
dúvida, o intercessor necessário e principal. Mas a Providência e Ele mesmo
querem que recorramos a Maria, a fim de que as nossas orações apresentadas por
Ela tenham mais valor.
“Em sua qualidade de Mãe de
todos os homens, Nossa Senhora conhece todas as necessidades espirituais
destes, e o que concerne à sua salvação; em virtude de sua imensa caridade,
Maria intercede por eles. [...}
“Esta oração da Santíssima
Virgem é onipotente. Por isso a Tradicão A proclama omnipotentia supplex — a
toda poderosa na ordem da súplica. […]
“Bossuet, em seu Sermão sobre a
Compaixão de Maria, assim se exprime: «Intercedei por nós, ó Bem-aventurada
Maria: tendes em vossas mãos, se ouso dizê-lo, a chave das bênçãos divinas. É
vosso Filho esta misteriosa chave mediante a qual são abertos os cofres do
Padre Eterno. Ele fecha, e ninguém abre; Ele abre, e ninguém fecha. É seu
inocente Sangue que faz derramar sobre nós os tesouros das graças celestiais. E
a quem dará Ele mais direito sobre esse Sangue, senão Àquela da qual Ele tirou
todo seu Sangue? De resto, viveis com Ele em uma tão perfeita amizade, que é
impossível não sejais atendida». Basta, como diz São Bernardo, que Maria fale
ao coração de seu Filho. [...]
“Vê-se, com isso, que a
intercessão de Maria é muito mais poderosa e mais eficaz que a de todos os
outros Santos reunidos, pois eles nada obtêm sem Ela. Sua mediação permanece
sujeita à d’Ela, que é universal, embora sempre subordinada, por sua vez, à de
Nosso Senhor Jesus Cristo” 86
Oremos:
Santa Maria, Rainha dos Céus, Mãe de Nosso Senhor Jesus
Cristo e Dominadora do mundo...
As invocações iniciais desta
oração que se repete em todas as horas do Pequeno Ofício, nos recorda alguns
dos principais títulos com que honramos a Virgem ao longo deste saltério,
comentados em seus respectivos lugares. Em seguida dizemos:
... que a ninguém desamparais nem desprezais; ponde,
Senhora, em mim, os olhos de vossa piedade; e alcançai-me de vosso amado Filho
o perdão de todos os meus pecados...
Olhos
sobremaneira misericordiosos
Com grande afeto dirigia, certa
vez, Santa Gertrudes estas palavras Nossa Senhora: “Esses vossos olhos
misericordiosos a nós volvei”. Apareceu-lhe então a Virgem Santíssima com o
Menino Jesus nos braços, e mostrando-lhe os olhos de seu Divino Filho, disse:
“Estes são meus olhos sobremaneira misericordiosos que posso proveitosamente
inclinar sobre quantos me invocam, enriquecendo-os com abundante fruto de
salvação eterna”
Semelhante é o exemplo que
registra Santo Afonso, em seus comentários à Salve Rainha: “Chorando certa vez
um pecador diante de uma imagem de Maria, e pedindo-Lhe que lhe alcançasse de
Deus o perdão de seus pecados, viu a Bem-aventurada Virgem voltar-se para o
Menino que tinha nos braços e Lhe dizer: «Filho, perder-se-ão estas lágrimas?»
Reconheceu o infeliz que Jesus Cristo lhe concedera o perdão.
“E como poderia perecer quem se
encomenda a esta boa Mãe? Não Lhe prometeu seu Divino Filho usar de
misericórdia por seu amor e segundo seu desejo, para com todos os que a Ela
recorrem? Tal foi a promessa que Santa Brígida ouviu o Senhor fazer à sua Mãe.
[...1
“Se, por causa de nossos
pecados, nos invadir a desconfiança, digamos com Guilherme de Paris: «Ó Senhora
minha, não me lanceis em rosto meus pecados, porque lhes oporei vossa grande
misericórdia. Jamais se diga que minhas culpas puderam contrabalançar no juízo
a vossa misericórdia. Pois esta é muito mais eficaz para obter-me o perdão, que
todos os meus pecados para valerem-me a condenação»” 88
Maria
reconcilia os pecadores com Deus
No mesmo sentido se exprime o
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira:
“Nossa Senhora tem olhos de
misericórdia, e um simples olhar d’Ela pode nos salvar. Sua doçura é invariável,
seu auxílio ilimitado, pronto a nos atender a qualquer momento, sobretudo nas
dificuldades de nossa vida espiritual. Estas costumam ser de duas ordens.
“Em primeiro lugar, a crise que
se poderia chamar clássica, quando a pessoa se sente tentada e, portanto,
hesitante entre o bem e o mal, com a possibilidade de ser arrojada no
precipício do pecado de um momento para outro. É bem evidente que Maria é nosso
auxilio, na plenitude do termo, nessas circunstâncias.
“Contudo, a solicitude da Mãe de
misericórdia se volta também para aquele que se encontra em apuro espiritual
muito mais grave, e que se traduz por esta súplica: «Minha Mãe, eu, sucumbindo
ao peso da tentação, não andei bem. Pequei. Tenho o receio de me habituar ao
pecado e de nele me embrutecer Por outro lado, imensa é a minha vontade de me
regenerar. Sei que não mereço a vossa proteção; mas, porque sois a Auxiliadora
de todos os cristãos, não apenas dos bons, senão até dos mais miseráveis,
peço-Vos: vinde e auxiliai-me».
“Portanto, nessa visualização,
é o próprio fato de se ter caído em pecado que se alega diante de Nossa
Senhora, como razão para obter seu socorro. E o desamparado que encontra no seu
infortúnio o motivo pelo qual deve implorar a misericórdia de Maria.
“E está na missão da Santíssima
Virgem, é o movimento profundo de seu coração materno, reconciliar os pecadores
com Deus. Porque a Mãe tem bondades, ternuras, indulgências e paciências que
outros não possuem. Ela pede, então, ao seu Divino Filho por nós, e nos obtém
uma série de graças, um sem número de perdões que jamais alcançaríamos sem a
sua intercessão” 89
Nenhum comentário:
Postar um comentário