sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Sarça ardente da visão


Sarça ardente da visão
Este símbolo de Maria Santíssima nos é apresentado na seguinte passagem da Escritura (Ex. III, 1-8):
“Ora, Moisés apascentava as ovelhas de Jetro, seu sogro, sacerdote de Madian; e, tendo conduzido o rebanho para o interior do deserto, chegou ao monte de Deus, o Horeb. E o Senhor apareceu-lhe numa chama de fogo (que saía) do meio de uma sarça, e (Moisés) via que a sarça ardia, sem se consumir. Disse, pois, Moisés: Irei, e verei esta grande visão, (verei) por que causa se não consome a sarça. Mas o Senhor vendo que ele se movia para ir ver, chamou-o do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés. E ele respondeu: Aqui estou. E (o Senhor) disse: Não te aproximes daqui; tira as sandálias de teus pés, porque o lugar em que estás é uma terra santa. E acrescentou: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, e o Deus de Jacob. Cobriu Moisés o rosto; porque não ousava olhar para Deus.
“E o Senhor disse-lhe: Eu vi a aflição do meu povo no Egito, e ouvi o seu clamor causado pela crueza daqueles que têm a superintendência das obras. E, conhecendo a sua dor, desci para o livrar das mãos dos egípcios, e para o conduzir daquela terra para uma terra boa e espaçosa, para uma terra onde corre o leite e o mel.”
Símbolo de Maria virgem durante o parto
A respeito da sarça ardente e incombustível, enquanto imagem de Nossa Senhora, comenta São Bernardo:
“Que prefigurava em outro tempo aquela sarça de Moisés, deitando chamas, mas não se extinguindo, senão a Maria dando à luz sem experimentar as dores do parto?” 
Semelhante é a consideração do Pe. João Colombo, que escreve:
“Quantos séculos haviam esperado a Maria, chamando-A com lágrimas e suspiros! [...] Esperara-A o século de Moisés, e não A viu senão simbolizada na sarça ardente e incombustível: assim como aquela sarça podia dar chama e não se comburir, assim também Maria poderia dar à luz o Filho de Deus sem cessar de ser Virgem”.
E São Tomás de Villanueva, com eloquente entusiasmo, exclama:
“Bem recordais, ó Virgem, aquela sarça que ardia e não se queimava. Assim formareis Vós, sem Vos corromper, um só corpo com o divino fogo; revesti-lo-eis Vós de carne, e Ele Vos banhará de esplendor; Vós O coroareis com o diadema da mortalidade, e Ele Vos cingirá a coroa da glória. Sereis uma virgem fecunda, uma mãe sem corrupção. Só em Vós se verão associadas a virgindade e a maternidade: possuireis, ao mesmo tempo, a felicidade desta e o pudor daquela”.
Labaredas de amor divino que purificam a Terra
“Maria Santíssima — escreve o douto Nicolas — é a sarça ardente na qual o Senhor apareceu a Moisés entre as chamas de um fogo que saía da mesma sarça, sem consumi-la. Sarça virginal que em nada se queima com o fogo de um parto divino, e de onde brotam essas labaredas de celeste amor que abrasaram e purificaram a Terra!” 22
Sarça ardente, na qual habitou o Senhor
Também sobre esse símbolo da Santíssima Virgem, encontramos no Pe. Rolland estas belas e fervorosas palavras:
“É na solidão do deserto que Moisés contempla a sarça ardente: é no deserto do mundo, tão árido para o bem, que Maria faz sua aparição. A sarça está toda penetrada de chamas acesas pelos Anjos, no meio das quais Deus se manifesta e fala a seu servidor: Deus é um fogo que consome, e Ele vem habitar em Maria, e dirige a seu coração as mais sublimes palavras. Diante do milagre da sarça que arde sem se queimar, Moisés é tomado de admiração: em face do prodígio de Maria que recebe em si o Verbo feito carne e que guarda o tesouro de sua virgindade, há incomparavelmente mais razão para se maravilhar. “Tudo é milagre em Maria, mas, sobretudo, no mistério da Encarnação, princípio da salvação do mundo, fonte fecunda de pureza e de virgindade. Assim, devemos oferecer a Deus o preito de nosso louvor por esse insigne ato de sua onipotência”.
Veneração e amor a Maria, “sarça ardente da visão”
“Ah! se Deus disse a Moisés, de dentro da ardente sarça: «Não te aproximes daqui; tira as sandálias de teus pés, porque o lugar em que estás é uma terra santa»; que obséquio, que reverência não devemos professar à Mulher vestida do sol de justiça e de santidade, de que era só uma figura a sarça incandescente?
“Mas, à sua imensa grandeza, une Maria uma profunda benignidade. E quem poderá dizer, quantos encontraram em sua clemente bondade o perdão, o refúgio, a proteção e a salvação da alma, de sorte que se viram obrigados a bendizê-La como Rainha de misericórdia?
“Assim, pois, veneremos a Maria como súditos à Soberana; mas, ao mesmo tempo, amemo-La como filhos à Mãe. Não nos afastemos de sua presença sem Lhe recomendar nossa vida, nossa morte, nossa eterna salvação. E Ela, cheia de bondade, escutará nossas súplicas; cheia de poder, atenderá nossas orações, e sem dúvida experimentaremos os salutares efeitos de sua proteção”.

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